TDAH Causa Demência? Entenda a Relação e o Que Fazer Para Prevenir

TDAH causa demencia

Nos últimos anos, tem aumentado o interesse sobre uma possível ligação entre o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e o desenvolvimento de demência na vida adulta. Um novo estudo publicado na revista científica JAMA reacendeu essa discussão ao indicar que adultos com TDAH têm um risco quase três vezes maior de desenvolver algum tipo de demência.

Mas o que esses dados realmente significam? E o mais importante: o que pode ser feito a respeito?

O que o estudo mais recente revelou

O estudo publicado recentemente no JAMA mostrou que, mesmo após excluir fatores confundidores, adultos com TDAH apresentaram um risco 2,7 vezes maior de desenvolver demência. Isso inclui diversos tipos de demência, não apenas a doença de Alzheimer.

Esse dado parece alarmante, mas deve ser interpretado com cautela. Outros estudos anteriores apontaram riscos ainda maiores, enquanto alguns sugeriram risco igual ou até menor. Ou seja, os resultados ainda são conflitantes — o que mostra que ainda não há um consenso na literatura científica sobre a existência de uma relação direta de causa e efeito entre TDAH e demência.

Fatores de risco em comum: onde está o elo?

Ainda que não possamos afirmar com certeza que o TDAH cause demência, sabemos que pessoas com TDAH frequentemente acumulam fatores de risco modificáveis que são reconhecidos como gatilhos para a demência.

Entre esses fatores estão:

  • Tabagismo
  • Hipertensão arterial sistêmica (HAS)
  • Colesterol elevado
  • Obesidade
  • Transtornos do sono
  • Depressão
  • Traumatismo cranioencefálico (TCE)

Essas condições são mais prevalentes em adultos com TDAH, especialmente quando o transtorno não é tratado adequadamente. Além disso, outro estudo apontou um risco até 6 vezes maior de demência vascular (relacionada a AVCs) em pessoas com TDAH — justamente por esses fatores vasculares estarem mais presentes nesse grupo.

Outros pontos que merecem atenção

Dois aspectos adicionais aumentam o risco cognitivo em adultos com TDAH:

  • Baixa adesão a tratamentos: a tendência a esquecer consultas, procrastinar o autocuidado e ter dificuldade em manter o uso contínuo de medicações impacta diretamente o controle de doenças crônicas.
  • Menor reserva cognitiva: pessoas com TDAH podem ter mais dificuldade acadêmica, isolamento social ou menor engajamento em atividades intelectualmente estimulantes — fatores que diminuem a capacidade do cérebro de lidar com danos ao longo da vida.

Esses fatores não determinam o surgimento de demência, mas contribuem significativamente para o aumento do risco.

A boa notícia: é possível agir

A melhor forma de responder à pergunta “TDAH causa demência?” é com um alerta: é possível reduzir esse risco.

Muitos dos fatores associados à demência são modificáveis, ou seja, podem ser prevenidos ou controlados. Entre as medidas eficazes estão:

  • Parar de fumar
  • Tratar hipertensão e colesterol
  • Reduzir o peso corporal
  • Evitar o abandono do tratamento para depressão
  • Tratar distúrbios do sono
  • Prevenir quedas e traumatismos cranianos
  • Manter uma vida social e intelectual ativa

E, sim, tratar o TDAH de forma adequada é parte dessa prevenção. O tratamento ajuda na organização da rotina, melhora a adesão a hábitos saudáveis, favorece a continuidade de outros cuidados médicos e promove melhor qualidade de vida como um todo.

Conclusão

Ainda não podemos afirmar que o TDAH, por si só, causa demência. No entanto, há evidências consistentes de que adultos com TDAH apresentam maior risco de desenvolver demência ao longo da vida, especialmente devido ao acúmulo de fatores de risco modificáveis.

A mensagem mais importante é: há muito o que pode ser feito. O tratamento adequado do TDAH não só melhora os sintomas do presente, como também pode ter impacto na saúde cerebral no futuro.

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Esse artigo foi escrito por:

Foto de Dr Adriano Neurologista

Dr Adriano Neurologista

Sou Dr. Adriano Medeiros, neurologista, e há 11 anos adoto a Medicina Centrada na Pessoa. Acredito em entender cada paciente como um todo para criar planos de cuidado personalizados, eficazes e seguros. Durante as consultas, dedico tempo para ouvir, explicar e, junto com você, traçar o melhor caminho para o bem-estar e a qualidade de vida.

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Sou Dr. Adriano Medeiros, neurologista, e há 11 anos adoto a Medicina Centrada na Pessoa. Acredito em entender cada paciente como um todo para criar planos de cuidado personalizados, eficazes e seguros. Durante as consultas, dedico tempo para ouvir, explicar e, junto com você, traçar o melhor caminho para o bem-estar e a qualidade de vida.

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